The Song of Achilles – Madeline Miller
O jovem príncipe Pátroclo, ao ser exilado de um lar sem amor, se vê perdido em um mundo que não liga para aqueles que não têm renome. Em seu novo lar, ele encontra um garoto que é exatamente o contrário disso: o famoso Aquiles, príncipe dos homens e filho da deusa Tétis. Aquiles logo se afeiçoa por Pátroclo, que não consegue entender porquê: o semideus é bonito, popular, poderoso. Seu futuro brilhante foi profetizado. Mas Aquiles só tem olhos para Pátroclo, que decide passar os anos ao seu lado.
Mas o destino de Aquiles os encontra mais cedo do que eles gostariam. Corre por toda a Grécia a notícia de que Helena de Esparta foi raptada, e aqueles que fizeram um juramento muito tempo atrás devem levar seus exércitos a Tróia para recuperá-la. Aquiles vai em busca de glória, e Pátroclo vai por Aquiles.
Mas uma guerra real não é a mesma que em histórias – sacrifícios serão feitos, de boa vontade ou não.
The Song of Achilles foi publicado como A canção de Aquiles no Brasil pela Planeta, e o sucesso do negócio é claro.
Pensem na minha felicidade quando estava passeando pelo centro de Galway quando vi, de soslaio, uma pilha de edições de 10 anos de The Song of Achilles! Até aí tudo bem, eu sabia que queria comprar o livro, mas era o meu primeiro final de semana na cidade e não estava pensando em comprar livro (devo dizer, talvez até o meu primeiro dia de liberdade depois de fazer isolamento por 5 dias num hotel). Mas entrei na livraria pra dar uma olhada. E ta-daaaa! Vejo um adesivo de signed edition: sim, era uma pilha de livros autografados. E foi assim que eu gastei meio rim num livro. Em minha defesa, a edição é linda: capa dura, detalhes dourados da capa holográficos, folhas de guarda desenhadas. Fora o autógrafo. E a história. E o fitilho (gosto muito de livros com fitilho).
Ter essa edição só tornou o livro mais especial: com um prefácio da autora, pude conhecer melhor a origem da história e aproveitá-la ainda mais em seu contexto. Madeline Miller é uma romancista de primeira, e a experiência do leitor só é melhorada ao perceber quanto a autora sabe sobre a Grécia Antiga e quanto ela pesquisou sobre o assunto para nos trazer uma história que é, ao mesmo tempo, mágica e fiel à realidade.
O único motivo pelo qual não dei 5 estrelas para The Song of Achilles foi que não gostei muito dos personagens. Não porque eles foram mal desenvolvidos, mas porque o Aquiles só é um chato. Ele não liga pra ninguém, e tenho minhas dúvidas do quanto ele liga até pro Pátroclo. Ele é egoísta demais, então não é um protagonista agradável. O próprio Pátroclo fica inventando desculpas pelo Aquiles e é muito bunda-mole para enfrentá-lo quando está errado. Ao invés de se mostrar um forte narrador, o personagem dá a impressão de ser mais um espectador da vida de Aquiles, e acrescenta muito pouco com sua própria experiência. E não vou falar do Pirro. Só de lembrar dele já dá vontade de jogar o livro na parede. E, porque eu gosto de sofrer, meu personagem favorito foi o Odisseu, que quase não apareceu na história.
A história é uma adaptação perfeita do mito, trazendo uma visão mais real, histórica, enquanto ainda se mantém fiel à mitologia. O leitor não perde o interesse, e tem sempre algo acontecendo. Eu adoro o final, que é pungente, sobrepujante, arrebatador. Vemos uma grande mudança nos personagens, que particularmente me impactou muito. Mas, no final das contas, eu já conhecia o mito. Eu sabia o que acontecia no final. Então, ao invés de ficar triste, fiquei só passando raiva: do Aquiles, da Tétis, do Pirro.
Se você gostou de The Song of Achilles, de Madeline Miller, você vai gostar de:
A odisseia de Penélope – Margaret Atwood;
The Good Man Jesus and the Scoundrel Christ – Philip Pullman;
The Binding – Bridget Collins.
;)
