Warbreaker – Brandon Sanderson ?>

Warbreaker – Brandon Sanderson

Em Hallandren, você pode reencarnar como um deus. Isso é raro e você precisa morrer gloriosamente, mas é certo que os deuses vivem em palácios coloridos dentro de um panteão, cheios de um poder chamado Sopro BioCromático. A vida dos deuses é boa, tranquila e, sinceramente, um pouco entediante. Todos no império, até mesmo os deuses, respondem ao grande Deus-Rei, mais poderoso do que todos.

Idris, longe dali, odeia magia. Odeia a soberba do império colonizador de Hallandren, que está doido para invadir Idris por seu território valioso. O rei só pode salvar seu reino enviando sua filha mais velha, Vivenna, para se casar com o Deus-Rei. Mas seu coração o impede, já que Vivenna é a herdeira perfeita. Então é Siri que vai para Hallandren, sem nenhum dos conhecimentos sobre o império que sua irmã mais velha adquiriu ao longo da sua vida inteira. Mas Vivenna foge de casa para salvar sua irmã, apenas para descobrir que não é fácil entrar em um palácio sem uma carruagem, um vestido com pedras preciosas, e um batalhão de guardas como acompanhantes.

Siri, Vivenna, o Deus-Rei Susebron, o jovem deus Lightbringer e o misterioso Vasher são personagens importantes nessa história em que as suas morais serão esfaceladas e nesse mundo cujos pilares podem não ser tão sólidos quanto todos pensavam.


Eu já sabia que Warbreaker entraria no 1º lugar do meu top 10 de 2023 quando li o livro e quando comecei essa resenha, em outubro do ano passado. Graças a trabalho e um baita de um burnout, não terminei a resenha e nem tirei foto no Brasil antes de voltar à Irlanda – fico devendo até voltar para casa.

Infelizmente, o livro não foi traduzido para o português ainda – e achei particularmente difícil de encontrar aqui na Irlanda. A editora Trama eventualmente levará o livro pro Brasil. Eles já têm os direitos e me parecem muito determinados a serem a nova casa do Brandon Sanderson no país. Até lá, só na base do ebook ou de uma daquelas promoções de livros internacionais da Amazon.

Warbreaker estava encalhado na minha estante já fazia um bom tempo. Encontrei o livro durante um dos meus bate-e-voltas para Dublin nessa edição meio feia, e o tamanho me intimidou o bastante pra deixá-lo acumulando poeira por uns meses. Bem, nada que uma viagem de uma semana à Itália não resolva, não é mesmo? Eu precisava de um livro que me durasse a semana, mas que não fosse muito pesado pra ficar carregando por aí. Normalmente viajo com o Kindle, mas mudei dessa vez porque não estava interessada em nada que eu tinha ali. O livro pode ser um tijolo de mais de 600 páginas, mas o bichim é leve (eu adoraria que a capa fosse de melhor qualidade e não dobrasse só de respirar perto, mas ok). Como eu sabia que o Brandon Sanderson faz construção de mundo bem densa, fiquei tranquila que ia demorar e que o livro ia me durar uns 10 dias, talvez.

Li 160 páginas só no ônibus para o aeroporto.

Brandon Sanderson é o tipo de autor que calcula friamente cada palavra que coloca na página. Não se engane: tudo o que ele escreve tem um propósito, ao ponto que é importante você prestar atenção em todos os adjetivos usados para descrever seus personagens. Um verdadeiro poeta da ficção nesse aspecto. O problema é que agora quero ler mais livros dele, o que é um ataque direto ao meu bolso e ao espaço restante na minha estante. O Brandon Sanderson tem o equilíbrio perfeito entre trama e personagem. Não posso dizer que Warbreaker é mais focado em um ou outro, já que ambos fazem o livro ir para a frente.

Esses personagens são muito sensacionais. Susebron, Nightblood e Denth são alguns dos meus preferidos. Mas ver a Siri se adaptando à corte e a sua inteligência e a queda de Vivenna foi muito emocionante. Os que menos me interessaram foram o Lightbringer (porque ele me irrita um pouco) e o Vasher.

É refrescante ver personagens femininas bem escritas por um homem. O Brandon Sanderson me lembra um pouco do George R. R. Martin na sua construção de mundo e capítulos pulando de personagem para personagem, mas ele escreve mulheres muito melhor. A trajetória da Siri talvez seja a melhor, de uma garota considerada imprópria para a corte sendo enviada para o casamento com o Deus-Rei no lugar da sua irmã mais velha, para no final conseguir maquinar seus planos pelas costas de toda a Corte dos Deuses.

Esse mundo é muito rico e a magia é incrível. O que me vendeu esse livro foi o fato de a magia ser baseada em cores. Idris, de onde Siri e Vivenna vêm, é uma região em tons de cinza que abomina magia (e que não pode fazer magia, por não ter cores). O império de Hallandren, com quem eles têm muitos conflitos, é uma terra rica e tropical e, por ser muito colorida, é cheia de magia. Para fazer um feitiço, é preciso absorver cores, utilizar Sopro (Breath, essa tradução é ideia minha) BioCromático e um Comando. Quanto mais complexo o feitiço, mas cores e mais Sopros são necessários. E, nossa, tem coisa acontecendo o tempo todo. Cada capítulo evolui a história e é tenso o tempo todo. Eu adorei que muitas das reviravoltas eu não consegui prever – alguns autores dão muita bandeira sobre suas reviravoltas (recentemente li Chain of Thorns da Cassandra Clare e sabia exatamente quais seriam as reviravoltas). Por isso, a leitura fica rápida, e você fica realmente obcecado com esse livro.

Warbreaker foi a minha introdução ao Brandon Sanderson. Eu concordo com outras pessoas aí dessa internet – esse é um ótimo livro de introdução ao universo do autor. Você vai achar centenas de posts e vídeos falando sobre o universo inteiro desse homem. Eu usei esse aqui do Amor Por Livros, mas você também pode checar esse daqui do Queria Estar Lendo (meu blog preferido). Eu adoro ler livro único de fantasia, então Warbreaker é o livro para quem quer conhecer Brandon Sanderson e também para quem só quer ler uma ótima fantasia. E sim, podemos esperar uma continuação nesse universo incrível chamada Nightblood, mas que deve sair lá para 2025.

Agora, eu tenho uma única crítica aqui que é um grande spoiler pro final da série, então vamos para os links de livros que vocês podem gostar e eu vou fazer apenas um mísero comentário no final. Não o leia se você não quiser tomar spoiler.

Se você gostou de Warbreaker, de Brandon Sanderson, você vai gostar de:

The Priory of the Orange Tree – Samantha Shannon;

Leopardo negro, lobo vermelho – Marlon James;

The Witcher – Andrzej Sapkowski.

Só fiquei meio cabreira que os grandes vilões do mal são as únicas pessoas não-brancas do livro inteiro, o povo colonizado, o Pahn Khal.

Comments are closed.