The Good Man Jesus and the Scoundrel Christ – Philip Pullman
Os dois irmãos Jesus e Cristo chamam a atenção desde a infância. Quando os gêmeos nasceram, foram visitados por pastores e astrólogos, que profetizaram que Cristo, o irmão mais fraco e o preferido de Maria, seria o Messias. Os judeus são oprimidos pelos romanos que dominam a região, e o Messias está destinado a liderar seu povo. É de se imaginar que os pais dos gêmeos estariam preocupados com Jesus, por não ter nenhuma profecia sobre o destino dele.
Mas Jesus cresce forte e se torna uma criança amada e cheia de amigos. Já Cristo é mais solitário, mas adorado pelos adultos – ele salva Jesus dos problemas que ele cria, e adora o irmão com todo o coração. Mas, adultos, Jesus e Cristo têm suas desavenças. Jesus se torna uma figura importante pregando sobre o Reino de Deus, e Cristo segue o gêmeo pelas sombras. O Messias profetizado é visitado por um homem misterioso, que pede para ele anotar os ensinamentos do famoso profeta.
E assim vai a dinâmica dos irmãos, até que Cristo tem o teste definitivo de sua fé, que vai impactar muito mais do que apenas a sua relação com seu irmão.
The Good Man Jesus and the Scoundrel Christ foi um achado em uma livraria de novos e usados aqui em Galway. Estava no cantinho, perto do chão, e eu me agachei pra fingir que estava vendo os livros de baixo, quando na verdade estava descansando minhas pernas. Mas as cores fortes da lombada me atraíram, e o precinho de banana acabou com minhas dúvidas. O livro foi publicado com o título O bom Jesus e o infame Cristo no Brasil pela Cia. das Letras em 2010.
Essa é a minha primeira experiência com Pullman, e meu Deus do céu. A escrita desse homem é de outro mundo. Os capítulos são curtos, bem do jeito que eu gosto, e a escrita é rápida e envolvente. A genialidade desse homem ao adaptar o mito de Cristo é, também, fora da casinha. A minha edição, por ser velha e usada, está amarelada e suja, mas só deu ao livro mais personalidade. A editora Canongate fez uma coleção inteira de romances que reimaginam mitos – e não somos totalmente estranhos a ela! A odisseia de Penélope, da Margaret Atwood, faz parte da série, e todos sabemos como eu amo esse livro.
A história é genial. Pullman consegue adaptar o mito sendo crítico e respeitoso ao mesmo tempo. Ele toma um ponto de vista mais histórico e realista do mito. Não só nas palavras de Jesus, mas também na questão dos vários milagres (até da ressurreição; não vou falar mais pra não dar spoiler). Pullman separa o divino do homem e o mostra através de um narrador que o adora, mas que vê suas falhas: o próprio irmão, Cristo. Eu fiquei muito, muito feliz com esse livro e a precisão histórica que o autor traz com suas referências. E, no final das contas, só validou o que eu fiz durante meus três longos e sofridos anos de catequese: ler a Bíblia como um trabalho de ficção.
Se você gostou de The Good Man Jesus and the Scoundrel Christ, de Philip Pullman, você vai gostar de:
A odisseia de Penélope – Margaret Atwood;
Capitães da areia – Jorge Amado;
Terra Papagalli – José Alberto Torero & Marcus Aurelius Pimenta.
;)
