Capitães da areia – Jorge Amado ?>

Capitães da areia – Jorge Amado

Os Capitães da areia são uma gangue de meninos. Várias dezenas de crianças maltrapilhas correndo por Salvador, buscando comida, roupas, e algum trouxo para roubar. Dormindo em um trapiche abandonado, fugindo da polícia e vivendo a vida como homens, os garotos passam seus dias na luta dos pobres.

Pedro Bala é o líder do grupo, procurado pela polícia e adorado pelas crianças. Pirulito é o garoto religioso, que sonha em ser padre. Sem-Pernas é o garoto cruel, coxo, que engana moradores de casas ricas para que os garotos possam roubá-los. João Grande é a força bruta, mas é um garoto gentil, que protege os novatos dos mais velhos. O Professor é o culto do grupo, que lê vários livros à luz de velas. Gato se preocupa muito com a aparência, e Volta-Seca é afilhado de Lampião, e anseia pelo dia que voltará para lutar ao lado do padrinho.

Crianças vivendo vidas de homens – fumando, roubando e dormindo com mulheres. Homens não crescidos, garotos sem pai nem mãe, largados à própria sorte. Aproveitando a vida o quanto podem.


Capitães da areia foi um dos meus livros favoritos do ano. Eu tinha, na verdade, altas expectativas com o livro, e ele correspondeu a todas elas.

O livro revolve muito em volta dos personagens. Por isso, todos são muito bem desenvolvidos. Gostei muito dos garotos e, apesar de não concordar com todas as ações deles, o contexto deles é bem explicado, e por isso, consegui compreender porque eles fizeram as coisas que fizeram. Não tive grandes desavenças com eles, mas tenho que admitir que achei que João Grande poderia ter sido mais desenvolvido, e ficou muito estereotipado como o negro grande, mas gentil. MAS também acho que precisamos ler os livros dentro de seus contextos, e Capitães da areia foi publicado em 1937.

O balanço entre história e desenvolvimento de personagens é perfeito. Na verdade, a trama tem como base os personagens e o desenvolvimento destes, ao invés de alguma história de fato. E isso funcionou muito para o livro. Acompanhamos os personagens e suas histórias pessoais, suas dificuldades e felicidades. Gostei muito do final também. Jorge Amado consegue fechar a história de cada um dos garotos muito bem, e não fiquei com um gostinho de “quero mais” ruim.

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Enterre seus mortos, de Ana Paula Maia;

Assim na terra como embaixo da terra, de Ana Paula Maia.

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