Daughter of Smoke and Bone – Laini Taylor
Karou vive duas vidas, e consegue mantê-las em equilíbrio. Ao mesmo tempo que é uma estudante de arte normal em Praga, ela é a mensageira de uma criatura de outro mundo e cuida de seus negócios na Terra. O estoque de dentes de Brimstone está sempre baixo demais, e sempre há humanos desesperados dispostos a trocar qualquer coisa por um de seus famosos desejos.
Mas as portas entre os mundos estão se fechando, e quando Karou se vê presa longe de sua família, das quimeras que a criaram, ela acaba se aliando ao anjo Akiva. Um soldado até os dentes, sua missão é matar toda e qualquer quimera que vê pela frente. Seus povos são inimigos há milênios. Mas há algo na humana Karou, que fala diversas línguas diferentes, é coberta de tatuagens, e tem o cabelo naturalmente azul, que traz certas memórias de Akiva à tona, memórias pelas quais ele será severamente punido.
Em meio de uma guerra entre seres celestiais e quimeras, anjo e humana têm o poder de trazer a destruição para três mundos diferentes.
Daughter of Smoke and Bone foi publicado no Brasil pela Intrínseca como Feita de fumaça e osso, e o primeiro volume é seguido por Days of Blood and Starlight [Dias de sangue e estrelas] e Dreams of Gods and Monsters [Sonhos com deuses e monstros]. Eu não sei se a trilogia será reeditada por aqui, mas sei que tem uma horda de seguidores que mereciam um revival. Eu fiquei animada exatamente por isso, e providenciei essas edições em inglês com essas capas maravilhosas. Infelizmente, não me animei muito com a série. Tanto que essa resenha está saindo UM ANO depois de eu terminar de ler tudo (por sinal, estou me guiando pelos meus comentários sobre a série no Skoob, então me perdoem se alguma coisa ficar confusa ou eu deixar escapar). E na época entrei numa ressaca que acabou comigo (logo antes da Bienal, não foi muito divertido).
Vamos ao primeiro fato: Laini Taylor escreve muito bem. Daughter of Smoke and Bone me prendeu de um jeito que eu não queria mais largar, e li bem rápido. Fiquei muito interessada em ler outros livros dela, principalmente Strange the Dreamer. Eu acho que ela é um nome forte na construção de mundo, porque a dela é impecável. O problema é que a série se desanda e talvez tenha faltado experiência da autora na hora de desenvolver uma trama que não tentasse o tempo todo ficar maior do que já era, e a essência se perde ao longo dos três livros.
Um problema que tive no primeiro livro foi o quão rápido foi o desenvolvimento do casal. Eu não curto muito amor instantâneo, então isso acaba comigo na maioria das vezes (e por isso que faz ser tão difícil eu gostar de livros de romance). Faz sentido depois da Grande Revelação, mas até então achei um pouco forçado. Ainda assim, Daughter of Smoke and Bone foi o meu livro preferido da trilogia. A maneira que a autora apresenta todos esses mundos diferentes (principalmente o das quimeras) me deixou encantada. O fato de ser uma fantasia urbana também ajuda, porque, afinal, sou cria de Os Instrumentos Mortais (e também gosto de escrever fantasia urbana). O primeiro livro me lembrou Fallen, como comentei no Skoob, mas pra ser sincera, eu não tenho a mínima ideia do porquê. Talvez por causa dos anjos? Porque é meio dark? Não sei. A resenha vai estar linkada lá no final, mas lembrem-se que ela deve ter uns 7 ou 8 anos de idade (socorro).
Days of Blood and Starlight foi onde a série começou a desandar para mim. O tom da trama mudou muito, e virou um livro de guerra. Acabou perdendo muito da essência pela qual me apaixonei no primeiro. Começamos a ter capítulos narrados pelo Akiva, e eu não poderia me importar menos com eles (de acordo com o meu eu de um ano atrás no Skoob). A história se focou muito mais na guerra, e não era bem isso que eu estava esperando. A Karou fica totalmente apagada e deixa as outras quimeras passarem por cima dela a torto e a direito, ainda que ela, tecnicamente, tenha uma posição elevada entre elas.
Eu prefiro livros únicos porque muitas vezes não curto tanto todas as mudanças feitas de um livro para outro em séries. Algumas séries, as minhas favoritas, não me incomodam, mas a trilogia de Daughter of Smoke and Bone muda tanto de um livro para outro que me desagradou. Sim, eu tenho medo de mudanças. Coisas para falar com a psicóloga, enfim.
Dreams of Gods and Monsters, por fim, foi o que mais me decepcionou (dei 3 estrelas para ele, contra 3,5 pro segundo e 4 pro primeiro). Enquanto os outros foram leituras rápidas para seus tamanhos, eu fiquei presa no bonito por 15 dias (o triplo de tempo). Ele é bem maior do que os outros e poderia ter umas boas 100 páginas a menos. Achei enrolado, fiquei irritada, e, em 57% do livro, 11 dias depois de ter começado, escrevi
Essa série tinha que ter parado no primeiro livro
É, não muito bom. Foi só em 73% que ele me prendeu, e depois disso acabei o livro em mais 3 dias. Dreams of Gods and Monsters faz uma das coisas que eu mais odeio em livros, que é quando o casal fica cheio de mágoas que seriam resolvidas se eles parassem de guardar segredo um do outro e conversassem, fossem parceiros de verdade. Personagens importantíssimos para o final foram apresentados em cima da hora, e outros foram chatos demais. Comentei que a história inteira poderia ter sido feita de outra maneira (acho que porque foi muito enrolada).
Agora, o meu maior ódio foi o final. Eu até gosto de final aberto, mas é como se Vingadores tivesse parado em Guerra Infinita e Ultimato ficasse só na promessa. Também, como a situação do terceiro livro é pouco mencionada nos dois anteriores, porque é algo tão diferente de tudo, ele fecha a trilogia como uma de três livros com propostas e tramas distintas demais para serem uma série forte como um todo.
Daughter of Smoke and Bone é o primeiro livro de uma trilogia que, infelizmente, perde sua essência no meio do caminho e que deveria ter sido uma duologia. A construção de mundo é forte, mas a trama tenta se superar ao ponto da perda do meu interesse e do tédio com um livro grande demais em uma série comprida demais.
Se você gostou de Daughter of Smoke and Bone, de Laini Taylor, você vai gostar de:
His Dark Materials – Philip Pullman;
The Modern Faerie Tales – Holly Black;
;)
