The Memoirs of Lady Trent – Marie Brennan ?>

The Memoirs of Lady Trent – Marie Brennan

Isabella foi apaixonada por dragões desde criança. Obcecada com criaturas que voam, a jovem desafiou seus pais, seu status, e sua sociedade diversas vezes m busca de seus sonhos. Décadas depois, ela é a mais famosa naturalista de dragões do mundo, e suas descobertas tiveram importância global. Mas como ela chegou lá?

No começo, ela era apenas uma garota com um sonho e um desejo insaciável de se tornar uma cientista. Ao longo de sua história, ela viajou para diversos países pesquisando dragões, foi deportada, sequestrada, ameaçada, e iniciou e acabou com guerras.

Isabella Camherst, a futura Lady Trent, lutou contra papéis de gênero em uma sociedade machista impulsionada pelo seu amor por dragões. Entendê-los, conservá-los e estudá-los foi o trabalho de sua vida, não importam todos os escândalos.


The Memoirs of Lady Trent é uma série composta de A Natural History of Dragons (na foto), The Tropic of Serpents, The Voyage of the Basilisk, In the Labyrinth of Drakes, e Within the Sanctuary of Wings, além de alguns contos (que não li) e Turning Darkness Into Light, que é um livro individual, sobre a neta da Lady Trent, que ainda não li.

A Natural History of Dragons foi o único que li em físico. Quando comprei, eu achava que era livro único. E você até pode ler como livro único. Eu fui lendo a série ao longo de meses, bem tranquilamente. Pra vocês terem uma ideia, comecei em abril de 2022 e terminei em julho de 2023. Essa é uma série que você não precisa ler no físico, ainda que seja ilustrada. Isabella é uma artista e faz desenhos de coisas que encontra em suas expedições, mas o ebook super dá conta do recado. Há, eu acho, umas 4 ou 5 ilustrações por livro.

A escrita de The Memoirs of Lady Trent não é muito leve. Ela simula um vocabulário vitoriano, então não é muito rápido de ler se você não está acostumado (ou mesmo com vontade de ler um livro nessa linha). Como a série não foi traduzida, é isso aí que temos. Mas a escrita é boa, cativante. Marie Brennan fez algo muito interessante ao escolher escrever uma fantasia em um formato tipicamente da não-ficção.

Ainda que eu ache possível ler os livros individualmente e não como uma série, eles têm uma continuidade importante. O primeiro livro da série, A Natural History of Dragons, conta a história da jovem Lady Trent e de como ela se apaixonou por dragões, e sua primeira expedição às montanhas em busca de dragões. O segundo, The Tropic of Serpents, é sobre sua expedição à selva e tensões políticas. Voyage of the Basilisk tem um dos meus temas preferidos, uma viagem marítima (e muita tensão). In the Labyrinth of Drakes é para os fãs de um pouquinho de romance e uma aventura arqueológica no deserto. E o último, Within the Sanctuary of Wings (9º lugar no top 10 de 2023), mostra a grande descoberta da vida de Lady Trent nas montanhas congeladas.

Acho que é impossível para mim fazer um ranking, mas meus favoritos são In the Labyrinth of DrakesVoyage of the Basilisk, e Tropic of Serpents foi o pior para mim, um monte de politicagem que eu não esperava, tendo saído logo do primeiro, e acabei ficando de ressaca literária – e foi por isso que demorei tanto tempo para ler a série, fiquei com medo de terminar. Na verdade, eu tinha aceitado que não ia continuar a série. Ainda bem que continuei, porque o resto é bem bom.

Não espere muito do mundo de Memoirs of Lady Trent. Não quero chamar a construção de mundo de preguiçosa, mas… Os países são só os que temos aqui com outros nomes – Inglaterra, China, Nepal, Tailândia (ou talvez Indonésia?), etc. Por isso, as tensões políticas são um pouco previsíveis. Não é, nem de longe, o ponto forte dessa série, e foi por isso que gostei tão pouco do segundo volume. Achei alguns aspectos da discussão até um pouco reducionista – é claro que os dois países que parecem ser do continente africano estão constantemente brigando entre si (e é claro que isso é resolvido pela mulher branca, ainda que com a ajuda da ciência). Mas pelo menos tem um casal interracial, um ponto alto do quarto livro. Se você está em busca de um livro com uma boa trama política, essa série não é pra você.

Os dragões são divertidos, pelo menos. É um livro relativamente científico, e é interessante ver como funcionava, mais ou menos, a pesquisa naturalista mais ou menos no século XIX. Outra temática interessante é a jornada de uma cientista mulher em ser aceita em um mundo machista. Na época que o livro simula, a situação era bem pior do que é hoje, mas ainda podemos nos identificar muito com a frustração de Isabella, que só foi aceita porque suas descobertas mudaram o mundo (e esses livros dão de 10 a 0 em qualquer coisa que a Ali Hazelwood poderia sonhar em escrever). Os personagens são divertidos, e eu gosto de acompanhar os pensamentos de Lady Trent. Ela é perseguida por escândalos sociais e políticos e é uma mulher muito independente. Me vi muito nela – uma mulher um pouco grossa, que se sente mais confortável com seu trabalho do que com gente, e que odeia ser subestimada.

Memoirs of Lady Trent não foi traduzido para o português, mas se você foi uma criança que queria ser bióloga/paleontóloga/exploradora (estilo Indiana Jones) que passou pela sua fase de dragões e agora adora uma mulher que não leva desaforo pra casa, e mais ainda, uma cientista pioneira, eu recomendo que você dê uma chance para essa série.

Se você gostou de Memoirs of Lady Trent, de Marie Brennan, você vai gostar de:

H. P. Lovecraft’s At the Mountains of Madness – Gou Tanabe;

As Crônicas de Nárnia – C. S. Lewis;

The Priory of the Orange Tree – Samantha Shannon.

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