A Princesinha – Frances Hodgson Burnett ?>

A Princesinha – Frances Hodgson Burnett

Sara Crewe é uma garotinha rica que não está pronta para se separar de seu pai. O internato da srta. Minchin, no entanto, é o melhor lugar para ela aprender tudo o que uma pequena dama precisa. Ela preferiria continuar com o seu amado pai e no país onde cresceu, a Índia, mas o capitão Crewe se certifica de que sua filha tenha uma vida luxuosa no internato. Sara tem tudo do bom e do melhor, então não é à toa que suas colegas lhe deram o apelido de “Princesinha”, ainda mais considerando sua humildade.

Mas a notícia da morte do capitão Crewe muda a ordem do internato. Agora pobre, Sara perde todas as suas regalias – seus brinquedos, vestidos e até seu quarto são tirados dela. É por muito pouco que a amarga srta. Minchin não a põe na rua. Sara é obrigada a trabalhar e servir as mesmas meninas que dias antes eram suas colegas. Contra o frio e a fome, a Princesinha tem como armas apenas a sua boa índole e a imaginação.


Eu participei do financiamento de A Princesinha no Catarse em 2021 (junto com A Princesa e o Goblin), mas só li o livro em 2023. Ele entrou no 7º lugar do top 10 de 2023 muito merecidamente, por ser uma graça do início ao fim.

A editora Wish criou uma edição dos sonhos com A Princesinha. Capa dura, fitilho, pintura no corte… Uma tradução maravilhosa (Camila Fernandes) e um prefácio melhor ainda (Jim Anotsu). A impressão é feita em um rosa escuro que cansa um pouco a vista, preciso admitir, e dificulta o entendimento das imagens. Não é tão ruim quanto o verde claro de A Princesa e o Goblin, mas acho que o rosa poderia ter sido mais escuro. Mas não podemos negar que é essa impressão colorida que amarra a edição e a deixa maravilhosa, destaque de qualquer estante.

Frances Hodgson Burnett talvez seja mais conhecida por seu livro O Jardim Secreto, que eu li uma vez só para inglês no fundamental e não me lembro de ter gostado. Essa mulher sabe escrever literatura infantil, hein. Eu li A Princesinha muito rápido, graças à escrita leve da autora.

Precisamos comentar sobre o racismo dentro do livro. Em 1887, a Inglaterra era uma força imperial que mantinha a Índia e vários outros territórios como colônias. Com isso, o livro tem várias frases racistas, imperialistas e exotistas. O que não é esclarecido pelo prefácio do Jim Anotsu é comentado nas notas da Camila Fernandes, então ninguém fica na mão. Ainda assim, não sei se eu daria esse livro para uma criança muito nova ler sem alguma discussão. Acho que por isso a literatura infantil de séculos passados acaba ressonando mais com adultos do que com crianças hoje em dia (pelo menos, para mim sempre foi assim).

Eu amei a história de Sara Crewe. De modo geral, personagens com complexos de superioridade sempre me agradam, e nossa Princesinha não é diferente. Essa é uma história sobre disciplina, gentileza e humildade. O leitor vê todas as dificuldades da vida de Sara e se remói até que elas se resolvam. Ficamos ansiosos porque queremos o melhor para a heroína. A srta. Minchin é uma ótima vilã, por sinal. Esse é um livro simples, mas que se beneficia muito por isso. A história não é enrolada e sabemos bem quem são as personagens “boas” e as “más”.

Nunca vou deixar de amar a literatura infantil. A Princesinha me apresentou a uma história linda que acaba com o coração do leitor ao nos forçar a ver a heroína perder tudo. Mas Sara se torna mais forte por isso e amadurece, aprendendo e nos ensinando algumas boas lições.

Se você gostou de A Princesinha, de Frances Hodgson Burnett, você vai gostar de:

O Feiticeiro de Terramar – Ursula K. Le Guin;

O castelo animado – Diana Wynne Jones;

Os Livros da Selva – Rudyard Kipling.

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