Conversations with Friends – Sally Rooney ?>

Conversations with Friends – Sally Rooney

Frances tem vinte e um anos e faz faculdade em Dublin. Ela apresenta os poemas que escreve em eventos junto com sua melhor amiga e ex-namorada Bobbi, que é muito mais expansiva e emocionalmente inteligente do que a escritora. Um dia, a jornalista Melissa se interessa pelo duo e decide escrever um perfil para uma revista. Bobbi e Melissa se envolvem no que parece, para Frances, algo muito mais do que só amizade. E Frances se vira para Nick, o marido da jornalista.

Nick é um ator sem grande sucesso, um marido troféu bonitão. Ele é calmo e passivo e também se interessa por Frances. A relação deles é intensa, errada, complicada por natureza. E para fazer essa e outras relações darem certo, Frances precisa analisar as relações de poder entre seus amigos e finalmente se conectar com seus próprios sentimentos.


Conversations with Friends saiu no Brasil pela Alfaguara e está com uma nova edição direto pela Cia das Letras, traduzido como Conversas entre amigos por Débora Landsberg.

Eu estava com medo de ler Conversations with Friends. Eu amei Normal People e não gostei muito de Beautiful World, Where Are You, já que a principal me irritou muito. Estava com medo que a Sally Rooney fosse uma autora de um livro só, que nenhum de seus outros seriam tão bons quanto Normal People. Fico feliz de dizer então que adorei o primeiro livro dela.

Conversations with Friends é perverso. Ele começa devagarinho, como quem não quer nada, e depois te faz suar frio de ansiedade. O livro te convence a torcer por uma personagem principal que não é uma boa pessoa, que é antiética. E você ainda torce para que o relacionamento dela com um cara 11 anos mais velho dê certo.

Eu entendo por que tantas pessoas não gostam desse livro. Nenhum personagem é uma boa pessoa e poucas situações são totalmente positivas. Eu tive muito problema com a Bobbi – achei ela uma militante performática. Eu gostei de acompanhar Frances e Nick e seus erros. Gosto de personagens que são pessoas ruins, desde que sejam bem construídos. E todos aqui são.

Conversations with Friends é cheio de relacionamentos complexos, tanto que parecem muito reais. É diferente ler um livro tão intrinsecamente irlandês quando se está imerso na cultura – esse jeito de lidar com saúde mental e até dinheiro são coisas que só vivi depois de me mudar para cá. A Sally Rooney lida com essas complexidades muito bem, mas sei que essa escrita dela também não agrada todo mundo. Lembrando que ela não coloca marcadores de diálogo, o que é confuso para leitores iniciantes, mas dá muita oralidade e personalidade ao texto.

Eu não tô nem aí que é antiético; eu adoro esse casal. A Frances não é uma narradora confiável, mas o leitor consegue ver através dela de acordo com os diálogos e as ações dos outros personagens. E o Nick é uma incógnita em vários aspectos e sim, babaca às vezes. A dinâmica deles é cheia de tensão, sexual ou não, e eu torci por eles, ainda que não devesse.

Esse final deixou algumas coisas não resolvidas que eu gostaria que tivessem sido, como o pai da Frances e a doença (mas quanto não era uma metáfora para o relacionamento dos dois?) A autora não tem finais fechadinhos e redondos e nem particularmente felizes. Mas esse me agradou.

Se você gostou de Conversations with Friends, de Sally Rooney, você vai gostar de:

Normal People – Sally Rooney;

Nêmesis – Philip Roth;

The Good Man Jesus and the Scoundrel Christ – Philip Pullman.

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