Cinder – Marissa Meyer
Cinder não se lembra de ser normal. Suas lembranças mais antigas são um caos cirúrgico.
Ela e os pais sofreram um acidente de aerodeslizador, disseram.
Ela foi a única sobrevivente, sussurraram.
Fizeram o que puderam para salvá-la, afirmaram.
Transformaram-na em um ciborgue.
Ciborgues são a escória da sociedade pós quarta guerra mundial. Eles não têm direitos e são considerados posses, e não humanos. O ciborgue tem a obrigação legal de obedecer seu guardião.
A vida de Cinder seria bem melhor se sua guardiã legal não fosse insuportável. Depois que o marido dela morreu, Adri ficou sozinha com duas filhas, Pearl e Peony. Apesar de Peony gostar de Cinder, as outras duas fazem de tudo para escravizá-la e tornar sua vida um inferno.
Um dia, Cinder é recrutada para servir como “voluntária” nos testes do antídoto da peste que assola o planeta azul. Lá, um médico constata que ela é imune. E sua vida vira de cabeça para baixo.
Enquanto ela tenta fazer o melhor que pode para ajudar na criação do antídoto com seu sangue imunizado, Cinder precisa lidar com sua madrasta insuportável, um androide com conhecimento secreto do príncipe da nação e um conflito de interesses entre a coalizão de países da Terra e o reino tirano sobrenatural da Lua.
E ela é só uma mecânica. Na verdade, a melhor mecânica de Nova Pequim.
Eu nunca dei nada por essa série até ver uma foto no Instagram e achar a capa bonita. Eu me surpreendi, porque Cinder é muito bom!
As capas são lindas, começando por aí. Eu adoro roxo, então fiquei bem feliz com essas capas. Fiquei meio decepcionada que as lombadas de Cinder e Winter não são roxas, mas pretas, então tive que separar a série na minha estante. Eu adoro a fonte das letras, porque elas dão a impressão de ser algo mais computadorizado, o que condiz com a discussão sobre tecnologia do livro.
A escrita da Marissa Meyer é uma delícia! Bem fluida e rápida. Os capítulos são curtos, então eu conseguia ler um capítulo tranquilamente ao acordar, antes de ir para a escola. A cada livro da série, um novo casal é apresentado, e acompanhamos a história dos dois até se encontrarem com os outros e se juntarem ao grupo. Eu, pessoalmente, não gosto muito desse sistema, porque personagem caído do céu nos 45 do segundo tempo não é bem o meu estilo.
Não tem personagem mais legal que a Cinder na história inteira. Ela é uma garota forte, independente e segura de si, sarcástica e meio robô. Winter é minha segunda favorita aí. Ela é louca! Já Cress e Thorne me pareceram muito sem-sal, e um casal mais nada a ver ainda. Algo que foi um grande problema para mim foi a inserção de personagens do além. Acompanhando um casal diferente a cada livro fez com que os outros fossem negligenciados. Cinder só voltou a aparecer decentemente lá no quarto livro, e Scarlet só teve foco no segundo. Também gostaria de ter tido mais Winter (mas, como o livro dela, o último, é o maior de todos, ela aparece bastante. Infelizmente, o jecin também, e ele é insuportável).
A história da série é incrível, mas não pode ser vendida como ficção científica. Existem algumas coisas de tecnologia bem básicas que não foram bem exploradas, e a Cinder pifa quando completamente submersa em água. De resto, adorei a releitura dos contos de fadas. É um mundo realmente incrível, e o papo de política não me cansou, como aconteceu com outros. O que estragou tudo, para mim, foi o final. A autora encerrou a série rapidamente, sendo mais vaga do que o necessário. Nessa rapidez, ela desconstruiu, em alguns parágrafos, tudo o que ela construiu para Cinder ao longo de quatro livros.
Cinder é uma releitura de contos de fadas. Nele, conhecemos personagens incríveis e entramos em discussões sobre nossos medos em relação ao futuro: tecnologia, política, guerra e doença.
Se você gostou de Cinder, de Marissa Meyer, você vai gostar de:
Terra de histórias, de Chris Colfer;