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A varanda do frangipani – Mia Couto

Ermelindo Mucanga está morto. Sim, morto, mortinho da Silva há anos. Entediado com a eternidade fria e… bem, eterna, o fantasma escuta os apelos de seu pangolim espiritual e possui o corpo de um vivo, Izidine Naíta.

Policial, o homem vai para a mesma fortaleza onde o carpinteiro Mucanga (e, aparentemente, um novo herói nacional?!) foi enterrado, há vinte anos, sob uma árvore de frangipani. A fortaleza, muito útil nos antigamentes, virou um asilo esquecido pelo mundo. E continuaria esquecido se não fosse pelo assassinato do diretor, Vasto Excelêncio.

Um estranho na fortaleza, o policial possuído descobre pistas e mais pistas que levam, cada uma, a uma direção. Desnorteado e sem ideia nenhuma do que fazer, Naíta tenta recorrer a Marta Gimo, considerada a única a se manter lúcida na solidão. Não que a enfermeira ajude muito, está claro que ela sabe de algo mas não quer contar.

Mucanga sabe tanto quanto Naíta.


A varanda do frangipani é muito amorzinho. É um romance policial, mas é tão tranquilo que, durante a leitura, me senti como uma velhinha no asilo: tranquila, relaxada, sentindo o sol no rosto e o vento batendo na pele.

A capa é bem bonitinha (eu demorei 84 anos para entender que aquele padrão no canto inferior são escamas de pangolim). As cores não são das melhores, mas acho que combinam com as outras capas dos livros do Mia Couto (que são mais bonitas do que essa, acho). A diagramação cansa um pouco, as letras são bem finas e ficam meio apertadas – nenhum fim de mundo, mas não há nada como a diagramação dos livros da Record e acho que os livros da Companhia das Letras vão, infelizmente, ficar para trás.

Os personagens são bem escritos e nenhum deles enchem o saco. Meus preferidos são, sem dúvida, o Pangolim e a Marta Gimo. Acho que a perspectiva dos idosos deu um toque a mais na história, e os velhinhos são bem divertidos.

A escrita do Mia Couto é bem rebuscada, mas não é difícil de entender. O livro exige uma leitura mais lenta, mas não é impossível de lê-lo em um dia, já que não são nem 150 páginas. Às vezes eu me perdia nos personagens e frequentemente esquecia os nomes deles – ups! Leiam com atenção, eu acabei lendo muito rápido e frequentemente tinha que voltar para saber o que estava acontecendo.

A história é bem boa, eu me diverti bastante. É bem envolvente também, eu conseguia me ver perfeitamente dentro do universo – achei isso muito legal. Não esperava que o livro fosse tão bom, então me surpreendeu bastante.

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