
Fire, Bed, and Bone – Henrietta Branford
Quantas histórias medievais você já leu com uma narradora diferente? Não estou falando de uma mulher, serva ou criatura mágica. Acompanhe essa leal cadela de caça criando seu filhote Fleabane. Durante a Revolta dos Camponeses no século XIV na Inglaterra, seus donos Rufus e Comfort são presos, acusados de heresia. Fugindo de um Senhor de terras cruel e de uma família pior ainda que a deseja por sua habilidade de caça, essa cadela observa as tensões sociais humanas e o quanto elas afetam a vida animal.
Fire, Bed, and Bone foi uma grande e bem-vinda surpresa. O livro é uma ficção histórica infantil narrada por um cachorro – você já ouviu falar de algo parecido? Infelizmente, o livro não foi traduzido para português.
Eu não esperava esse livro ser tão pesado quanto foi quando peguei pra ler. A vida de um cachorro na era medieval não era fácil, e a narradora passa por muitos episódios horríveis. Apesar de ser um livro infantil, Fire, Bed, and Bone não é muito tranquilo. Não há nenhuma descrição muito gráfica, mas cachorros sofrem.
É incrível ver a lealdade da narradora (que não tem nome além de “cachorra velha”) e como ela narra as mudanças no seu corpo e a maneira que ela vê o mundo. Essa é a parte mais encantadora do livro, sem sombra de dúvidas. É uma narração muito diferente do que a de um humano, e ainda que muito do foco seja na lealdade da cadela aos seus donos (que são legais), os humanos perdem o foco, e vemos como cães interagem no mundo deles. A Revolta dos Camponeses realmente aconteceu em 1381, mas nossa narradora só se preocupa com o que afeta a vida dela e de sua família.
Uma narração única e uma visão de mundo que foge do antropocêntrico. Uma leitura pequena mas tensa, bom para se ler de uma vez só.
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