Livros Nacionais – Jornal Cultural Leôncio de Paranaguá ?>

Livros Nacionais – Jornal Cultural Leôncio de Paranaguá

A gente tem o hábito de falar que tudo que é do Brasil é ruim. Se te oferecerem uma marca, por exemplo, americana e uma brasileira (e você só pudesse escolher uma), qual você escolheria? Acho que mais de 90% vai escolher a americana, ou por status ou por confiar mais em algo estrangeiro (estamos falando de, por exemplo, alguma tecnologia).

Com os livros não poderia ser diferente. Os livros que fazem o maior sucesso hoje em dia são os americanos. São aqueles livros que tem escrito na capa: bestseller do New York Times. É um livro que vendeu muito. Seja por marketing, seja porque ele é bom. Mas aqueles livros que está escrito na capa: vencedor do Prêmio Jabuti, ou algo do tipo, ganham apenas pequenas coberturas e pequenos lugares nas nossas estantes.

Nós não damos crédito para nossos escritores. Não percebemos que aquele escritor que amamos é brasileiro, simplesmente porque temos uma imagem da literatura brasileira como boçal, maçante e pesada. Os livros que lemos na escola são logo tachados como chatos antes mesmo de darmos uma chance para eles. Os clássicos brasileiros são automaticamente descartados por serem pesados e de difícil compreensão. Isso eu até entendo, quem é que coloca gente do Ensino Fundamental pra ler livro do século XVII, XVIII? Isso é complicado. Isso acaba deixando a imagem da leitura, do livro, do clássico, do nacional, manchada. Deixa os livros que são mesmo mais pesados pra quando a pessoa tiver mais cabeça. Não adianta tentar enfiar cultura na cabeça das pessoas quando elas ainda são pequenas. A cultura é algo que deve ser enfiado nas nossas cabeças gradativamente.

Isso é um erro tanto de colégios, que fazem gente muito nova ler livros muitos complexos, quanto de pais, que não incentivam a compra de nacionais o suficiente.

Se você acha que todos os nacionais são chatos, dá uma olhada na Coleção Vaga-Lume. Sério. São livros velhos? Com toda a certeza. Mas valem muito a pena.

Precisamos perceber, também, que a literatura brasileira está se “modernizando”. Muita gente pode não saber, mas existem muitos livros brasileiros atuais que são verdadeiras obras de arte.

Então vamos colocar mais clássicos como Lúcia Machado de Almeida, Domingos Pellegrini, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Mário Quintana, Monteiro Lobato e Paulo Leminski nas nossas estantes, e dar uma chance para escritores atuais como Paula Pimenta, Carolina Munhoz, Sophia Abraão, Leonel Caldela e Raphael Draccon.

Porque, quando você percebe que existe algo além dos livros estrangeiros, tudo vira uma revolução, já que existem livros nacionais que podem, com toda certeza, superar os que vem de fora. Isso não apenas aumenta o nosso entendimento sobre livros como também começa a valorizar um país que perdeu a fé em si mesmo.

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