O Sorriso da Hiena – Gustavo Ávila
William é um psicólogo infantil. Ele passa horas ouvindo (ou apenas observando) crianças com todo tipo de trauma. E ele recebe uma proposta terrível – e tentadora:
O quanto um trauma influencia na formação do caráter de uma criança?
Basicamente, sua tese de doutorado remasterizada. Essa é a parte tentadora.
Quem o ofereceu isso foi David, um homem misterioso. Ele planeja matar os pais de 5 crianças de 8 anos – exatamente do mesmo jeito. Exatamente do jeito que seus pais morreram.
Essa é a parte terrível.
William entra em um dilema moral quando a primeira vítima entra pela sua porta. David está falando a verdade? Ele realmente é quem diz ser? Como salvar essas crianças? Ele realmente quer que esses assassinatos (junto com seus estudos nas cobaias humanas) parem?
É possível justificar o mal quando há a intenção de fazer o bem?
O Sorriso da Hiena é um livro maravilhoso que veio de uma parceria maravilhosa com a Catálogo.
A trama é uma ótima sacada de como o mal se origina em nós. As personagens são bem desenvolvidas e eu gosto que o detetive da investigação tenha Asperger. Deixa o conteúdo mais interessante e o torna diferente de outros detetives preparados com receita. Admiro muito o Gustavo Ávila por ter conseguido se colocar no lugar de uma pessoa com Asperger e (ao meu ver) desenvolver uma personagem tão boa.
O final realmente nos faz pensar na pergunta lá em cima: é possível justificar o mal quando há a intenção de fazer o bem?
Pra mim, não.
O Sorriso da Hiena, como dito pelo Raphael Montes na capa, merece mesmo estar entre best-sellers internacionais. O autor prova que tramas complexas e bem-estruturadas não são patenteadas pelos EUA. O brasileiro precisa parar com esse complexo de vira-lata, porque acaba perdendo muita coisa boa por achar que “nada que é do Brasil presta”.