Entre Quatro Paredes – B. A. Paris
Entre quatro paredes tudo pode acontecer. Jack que o diga. Advogado especializado em casos de violência doméstica, Jack nunca perdeu um caso.
Casos em que mulheres apanham.
Casos em que mulheres são chantageadas.
Casos em que mulheres ficam presas na própria casa sem comunicação nenhuma com o meio exterior.
Jack nunca perdeu nenhum deles.
Apesar de sua esposa, Grace, ser a esposa perfeita, Jack não consegue esquecer as situações às quais suas clientes são impostas. Ele nunca esquecerá. Sua vida é baseada nisso.
Sua vida é perfeita. Jack tem uma esposa linda, que passa o dia cuidando da casa. Uma casa grande, mas Grace ainda consegue manter seus hobbies. Costurar, ler. É disso que Grace precisa, é isso que ela quer.
Quase todo final de semana, os dois vão visitar a irmã de Grace, Millie. Ela tem síndrome de Down, mas isso não a impede de muita coisa.
Jack não vê a hora de Millie fazer 18 anos e ir morar com os dois em sua grande casa. Seu quarto já está até pintado com sua cor preferida; vermelho.
Jack vai cuidar muito bem das duas.
Jack nunca faria algo de ruim.
Esse livro é doentio. Sério. Toda vez que eu sentava para ler me dava uma agonia desgraçada. Leitores, vocês precisam ter MUITO estômago aqui. Esse livro é sobre violência doméstica. É algo muito mais real do que vocês imaginam.
Agora que já dei uma noção um pouco maior disso pra vocês, repito: só lê esse livro quem tem estômago.
Outra coisa; quem não entende qual é a questão da violência doméstica, quem acha que a vítima só deveria falar o que está acontecendo, leia o livro. Não vou falar nada nem iniciar uma discussão. Leia o livro. Depois vem conversar com a tia.
O livro é realmente muito bom, a história é tão tensa que te deixa grudado entre as páginas, sem querer sair. O ponto de vista é o da Grace, e é um livro que eu chamo de “livro pingue-pongue”: os capítulos se alternam entre passado e presente. Quanto mais perto do fim, maior é a euforia e a ansiedade para terminar o livro – e o final não decepciona.
MAS…
Vocês precisam ter estômago para isso.
Lembrem-se que nunca sabemos o que acontece entre quatro paredes.