As aventuras de Amina al-Sirafi – S. A. Chakrabort ?>

As aventuras de Amina al-Sirafi – S. A. Chakrabort

Amina al-Sirafi já foi a maior e mais temível capitã pirata do Oceano Índico. Hoje em dia, no entanto, ela é uma mãe solteira, uma cinquentona que não consegue mais fazer tantas piruetas. Ela estava contente em passar o resto da sua vida em uma casinha em terra com sua filha e sua mãe, até a mãe rica de um antigo tripulante procurá-la. Em troca de uma soma exorbitante e irrecusável, Amina al-Sirafi sai em busca da filha de seu antigo companheiro, raptada por uma força maligna.

De volta à ativa, a capitã vai em busca de seus antigos tripulantes espalhados pelo mundo, perseguida pela sensação de que há algo de estranho nesse rapto e por antigos demônios que juraram vingança.


Que história maravilhosa. Este foi meu primeiro contato com a autora, uma experiência muito positiva. S. A. Chakrabort é uma escritora muito experiente, então dá gosto de ler. Fica bem claro que houve uma pesquisa extensa no processo de criação do livro, o que ajuda para tornar o mundo mais crível e imersivo.

Eu amo livros de piratas/viagens marítimas! As aventuras de Amina al-Sirafi é lento no começo, mas depois a história acelera com o crescimento da tensão. A aventura é divertida, e pra mim foi ainda mais especial porque eu acho que nunca li um livro no Oceano Índico árabe. Ler um livro de uma autora muçulmana no qual o islã tem tanta influência foi uma experiência muito interessante, até porque muitos heróis de fantasia, se têm religião, se voltam mais pro cristianismo (ou um equivalente fantástico). Fugir desse eurocentrismo é essencial para quem lê tanta fantasia quanto eu, porque os livros vão começando a ficar muito parecidos. Além disso, o universo é tão rico que a diversidade de crenças, nacionalidades e sexualidades é bem natural, algo que sentimos falta em fantasias eurocêntricas. É também um tapa na cara do preconceito contra o Islã, que é como todas as outras religiões do mundo – tem extremistas conservadores e tem gente decente!

As personagens são ótimas. Amina é uma narradora muito interessante, e gostei do suspense que criou quanto às experiências passadas no começo do livro. Ela é uma aventureira aposentada, um tipo de herói diferente, o que também é um diferencial muito positivo para mim. Os tipos Escolhidos na faixa de 17-24 anos ficam um pouco cansativos depois de um tempo. Heróis que já tiveram suas aventura e agora só querem ficar tranquilos são mais adultos, mais experientes. Dá menos raiva. Infelizmente, conforme a história progride, algumas personagens ficam em segundo plano – Tinbu, Dalila e Majed. Para um livro grande como este, é uma falha. O foco, então, passa a ser Raksh e Amina, que têm uma dinâmica incrível. Me apaixonei pelo jogo de gato e rato dos dois, alternando entre a raiva e a atração.

Eu achava que este seria um livro único, mas é uma trilogia. Não sou fã de ser enganada pelo marketing desse jeito, porque eu entrei no livro sem ter ideia que teria espaço para uma continuação. Independentemente, a história terminou num lugar bom, com um final bem satisfatório. A originalidade me prendeu, ainda que a lenda da Lua de Saba não seja nem um pouco diferente/original, e que a “revelação” de que tem várias versões diferentes não é revelação coisa nenhuma, porque o narrador avisa que esse vai ser o caso. Ainda assim, fiquei com vontade de ler a série de Daevabad, que dizem ser melhor do que este.

Se você gostou de As aventuras de Amina al-Sirafi, de S. A. Chakrabort, você vai gostar de:

Tress, a garota do mar de esmeralda – Brandon Sanderson;

The Priory of the Orange Tree – Samantha Shannon;

Babel – R. F. Kuang.

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