Silvestre – Wagner Willian ?>

Silvestre – Wagner Willian

Um velho caçador mora sozinho em uma cabana na floresta. Durante o dia, ele anda pela mata e caça. À noite, ele é acompanhado pela solidão. Depois de um dia de caça frustrada, o caçador decide fazer uma torta. Uma torta que sua esposa, quando viva, fazia para ele.

O aroma do alimento no forno viaja pelos ventos e se espalha. Seres são atraídos para a pequena cabana: animais silvestres e criaturas mitológicas, todos em busca de um pedaço de torta. Um garotinho com os pés virados para o lado errado, uma garota e seu lobo, seres com corpo humano e cabeça de animal.

Conforme a morada do velho caçador se enche de seres ancestrais, as interações entre eles vão se tornando cada vez mais perigosas e desprovidas de sentido. Os mais humanoides conversam com o anfitrião, e a noite se torna um microcosmo da interação do ser humano com a natureza.


A primeira vez que me apaixonei por Silvestre, fui atraída pelo forte vermelho da luva na Livrarias Curitiba, e fiquei babando no livro um pouquinho até ver o preço e me afastar. Isso foi em 2019, um pouco depois do lançamento do livro, quando ainda não precisávamos usar máscaras em público. Em uma recente viagem à Itiban Comic Shop (para ajudar a loja, que estava ameaçando fechar), decidi que ia tentar achar o livro lá. Achei, e foi uma das melhores compras do ano.

A arte de Silvestre é de tirar o fôlego. Super não convencional, às vezes os personagens estão contidos em quadradinhos na página, e às vezes viramos uma página e damos de cara com uma pintura que ocupa duas páginas. É importante ler com calma, porque as páginas têm muita informação. Muitas partes parecem “bagunçadas” e tenho que admitir que, em alguns momentos, a letra usada pelo autor é quase ilegível. Silvestre não é uma graphic novel para iniciantes (e MUITO MENOS para crianças, tem um sabbath particularmente gráfico), mas essa arte tão forte e fora do padrão foi, definitivamente, atrativa. Se você quiser ver mais do interior, pode checar o Reels que eu fiz no Instagram.

Silvestre foca mais na trama do que nos personagens. Isso funcionou muito bem para a narrativa, porque a mensagem que Wagner Willian queria passar foi devidamente transmitida. Apesar de no começo não parecer, há uma história linear de fato, ela só demora um pouquinho para engrenar. Para citar o texto no blog da Darkside, é “uma obra de arte imersiva e reflexiva, ao mesmo tempo orgânica e visceral”. É bem o tipo de história que eu gosto, que lida com a relação do ser humano com a natureza, ao mesmo tempo sendo super pesada. Esse é o tipo de livro que você precisa de um tempo para pensar e digerir depois de acabar a história.

Se você gostou de Silvestre, de Wagner Willian, você vai gostar de:

Enterre seus mortos – Ana Paula Maia;

Como falar com garotas em festas – Neil Gaiman, Fábio Moon, Gabriel Bá;

Morte – Neil Gaiman.

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