O Colecionador – John Fowles ?>

O Colecionador – John Fowles

Clegg é um colecionador de borboletas. Dane-se a família, os amigos (que amigos?), o trabalho. Ele só se importa com a sua coleção. E… com Miranda.

Cada vez mais apaixonado pela artista que nem o conhece, Clegg se vê cada vez mais tentado a adicioná-la à coleção. Ele só precisa atrair a borboleta para sua rede.

Depois de ser sequestrada por um esquisitão, Miranda só pensa em fugir. Clegg diz que a ama, mas não a deixa livre. Diz que irá soltá-la, mas ele mente. É seu sequestrador, mas não encostou um único dedo nela. Fica difícil odiá-lo assim.

Ele realmente acha que pode fazer Miranda amá-lo? Não, Miranda nunca conseguiria. Ele a enjaulou, afinal. Não entende nada de arte. Tem as mesmas opiniões que ela só para agradá-la.

Ela precisa fugir.

Ele precisa que ela o ame.


O Colecionador é um livro de 55 anos relançado pela Darkside nessa edição maravilhosa. Tenho que admitir que comprei o livro pela capa. Tinha expectativas altas em relação à história, até pelos depoimentos do King. Bem…

O lado de fora das páginas é preto e a borboleta na capa é o meu segundo bicho preferido. A combinação de azul, preto e branco é uma das minhas favoritas, então acabei me apaixonando pela capa de cara. O tamanho do livro me surpreendeu, ele é mais baixo do que eu esperava. De qualquer jeito, ficou muito bonito. A diagramação também é boa, apesar de parecer que as letras estavam meio apertadas.

John Fowles é um escritor incrivelmente chato. Não consegui gostar do jeito que ele escreve. Um jeito meio duro, quase como andar em cima de toras de madeira. Quando uma autora vitoriana escreve de um jeito mais fluido e acessível do que você, algo está errado (estou falando da George Eliot). Me lembra o Jules Verne, desnecessariamente descritivo e querendo mostrar como é inteligente.

Isso também pode ser implicância com as personagens. Miranda é tão chata que eu torcia para a infelicidade dela. Clegg é tão trouxa que eu esperava ele finalmente surtar de vez e começar a torturar a Miranda. Não aconteceu, tive que lidar com personagens chatas ao longo de umas 300 páginas. Elas não são mal feitos, vejam bem. São profundos e fiéis às suas personalidades, mas a trouxice do Clegg me incomoda e os discursos da Miranda me dão preguiça. Foi difícil sobreviver ao livro, mas aqui estamos. Não sei se a ideia do autor foi a de nos fazer odiar a Miranda aos poucos, assim como o Clegg passou a não suportá-la. Eu odiei a mulher já no primeiro capítulo do ponto de vista dela, talvez até antes.

A história me lembra muito Misery, do King, apesar de só ter lido resenhas. Um Misery com os gêneros invertidos, mas tudo bem. A ideia é legal, mas arrisco dizer que Fowles estragou tudo com memórias desnecessárias da Miranda e personagens chatas pra caramba. Quero dar uma chance para o livro do King; quem sabe ele tenha conseguido trabalhar melhor essa ideia? O final é a parte mais decente do livro inteiro. Honestamente esperava algo naquele estilo lá pelo meio do livro.

Se você gostou de O Colecionador, você vai gostar de:

A garota no trem – Paula Hawkins;

Entre quatro paredes – B. A. Paris;

O bazar dos sonhos ruins – Stephen King.

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