Lendo Lolita em Teerã – Azar Nafisi ?>

Lendo Lolita em Teerã – Azar Nafisi

Professora de literatura, Azar Nafisi é apaixonada pelos clássicos ocidentais. Jane Austen, F. Scott Fitzgerald, Henry James, e Vladimir Nabokov são autores indispensáveis em suas aulas. Os primeiros dias da revolução islâmica no Irã são cheios de esperança e promessas de um país melhor. Pouco a pouco, porém, o povo percebe que aqueles que estão no poder têm uma ideia bem diferente do que significa “liberdade”. Principalmente para as mulheres. Cercada de cada vez mais fanáticos apoiados pelo governo, Nafisi não se deixa abalar e continua dando aulas sobre seus livros ocidentais que desagradam os fundamentalistas islâmicos. Mas seus dias desafiando as autoridades têm limites, e a professora é impedida de lecionar por se recusar a usar o véu na sala de aula.

Reunindo suas sete alunas mais dedicadas, Nafisi dá aulas secretas sobre os livros proibidos. Reunidas na sala de estar da professora, as oito mulheres leem e discutem os tão amados clássicos enquanto abrem, de pouco a pouco, os corações umas para as outras. Em face de opressão, um clube de leitura é um escape necessário para mulheres que não aceitam serem diminuídas.


Lendo Lolita em Teerã é um livro que conheci pelo Instagram, e acabei achando pra comprar usado. Eu não sou muito uma pessoa de não-ficção, mas esse foi o tema das minhas aulas de Escrita Criativa nesse semestre, então resolvi dar uma chance. O livro foi um grande bestseller há quase 20 anos.

A escrita da Nafisi não é complicada, mas pode se tornar monótona. Não vou mentir, muitas vezes tive que me forçar a ler pra terminar. Acho que o meu maior problema com o livro foi que, no meio do negócio, a autora escrevia inteiramente sobre os livros que ela discutia, e subitamente o texto se transformava em um trabalho acadêmico. Não tem nada de errado com isso, mas eu tenho a tendência de evitar textos acadêmicos fora das minhas aulas de literatura.

Eu achei que veria muito mais sobre a situação do Irã. Ao invés de um triste relato de guerra e opressão, Lendo Lolita em Teerã é um bom exemplo da “ignorância” dos privilegiados (com aspas aqui porque a Nafisi não ignora os problemas de seu país, apenas está em uma posição privilegiada o suficiente para que não seja tão brutalmente afetada tão rápido). Eu senti um grande distanciamento da autora em relação a alguns temas, principalmente sobre a própria vida. Talvez, por isso, eu não tenha me conectado muito com ela. Ainda assim, tudo o que ela fala sobre literatura é muito bonito, e até fiz marcações no livro.

O livro tem uma mensagem poderosa sobre o poder da literatura, tanto na vida pessoal quanto na pública. Ainda que eu preferiria ter visto mais sobre a vida pessoal da autora, acho que é uma história que obriga o leitor a pensar no impacto da literatura na própria vida. Como, bem, uma estudante de literatura, eu gostei bastante. Ainda assim, não recomendo ler Lendo Lolita em Teerã com pressa.

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