Dom Quixote – Miguel de Cervantes ?>

Dom Quixote – Miguel de Cervantes

O cavaleiro Dom Quixote parte de sua pacífica vila natal em busca de aventuras. Muitas vezes provando a sua loucura para todos ao seu redor, ele luta contra gigantes imaginários, se junta a exércitos de ovelhas, e causa mais dano do que conforto por onde passa.

Acompanhando-o vai Sancho Pança, seu fiel escudeiro. A princípio, Pança o segue em busca de dinheiro para sustentar a ele e sua família, mas ele acaba se metendo em tantos absurdos junto com seu amo (muitas vezes o defendendo) que sua sanidade também começa a ser questionada.

Trapalhada após trapalhada, Dom Quixote e Sancho Pança vão delineando sua jornada em busca de glória, tentando honrar os cavaleiros andantes dos romances de cavalaria. E, ao longo do caminho, vão deixando para trás pessoas estupefatas com sua estupidez.


Os dois livros de Dom Quixote fazem parte de um desafio especial que propus para mim mesma: o “20 livros para ler antes dos 20”. Você pode saber melhor sobre o meu projeto nesse post. O meu interesse pela duologia veio inteiramente do curso de Humanidades Médicas do professor Áureo, que eu fiz online no ano passado.

Optei pela edição da editora Penguin, que vem em um box com dois volumes. A tradução é incrível. O Ernani Ssó se preocupou em trazer a história ao leitor, optando por algumas traduções mais modernas para que pudéssemos nos sentir como as pessoinhas do século XVII que leram o livro quando ele lançou – entendendo tudo, porque estava no nosso mundo. A escrita do Cervantes é bem mais fácil do que você poderia imaginar. Eu achei que fosse ser muito pesada, mas me envolvi tanto com a história que consegui superar isso. Não vou mentir: o primeiro livro é melhor do que o segundo, e pulei algumas páginas dos dois volumes, porque alguns monólogos eram muito longos e muito chatos.

Uma coisa que eu não esperava era o quão engraçado o livro seria. Eu sou um ser humano amargo que não gargalha com livro nenhum, só solto arzinho pelo nariz. Mas qual foi a minha surpresa quando ri em voz alta de algumas cenas? A história flui bem, mesmo Dom Quixote sendo considerado o primeiro romance moderno da literatura ocidental. E é engraçado ver como pouca coisa mudou nas convenções do gênero, ao mesmo tempo que Cervantes constrói uma narrativa muito mais organizada do que vários livros da atualidade. Eu estava particularmente animada pelo segundo volume, já que Dom Quixote e Sancho se tornam famosos depois da publicação do primeiro volume (tanto na vida real quanto na narrativa). Infelizmente, não achei tão legal. Enquanto todos ficam muito chocados com a loucura de Dom Quixote e Sancho Pança no primeiro volume, no segundo, em que eles já são conhecidos, os outros personagens pregam peças de propósito nos dois. O humor se torna cruel e a história se arrasta mais, então acabei sofrendo mais para terminar.

Dom Quixote é um clássico digno de ser lido pela diversão que nos propõe. A edição da Penguin só acrescenta à experiência (ainda que o papel da capa dos livros seja muito frágil e fácil de amassar). Ler o livro sabendo do contexto cultural dele foi incrível, e é definitivamente um livro que eu gostaria de ter lido como paradidático no ensino médio.

Se você gostou de Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, você vai gostar de:

O barão nas árvores – Ítalo Calvino;

O visconde partido ao meio – Ítalo Calvino;

A morte de Ivan Ilitch – Lev Tolstói.

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