Corte de chamas prateadas – Sarah J. Maas ?>

Corte de chamas prateadas – Sarah J. Maas

O gênio difícil de Nestha Archeron tomou o melhor dela depois da guerra com Hybern. Feita feérica pelo Caldeirão, Nestha se afoga em sua dor e arrependimento enquanto as Cortes de Prythian se reerguem. Completamente perdida, ela bebe, dança, joga, e leva machos para a cama para acalmar as lembranças.

Feyre e Rhys têm seus próprios problemas e estão cansados de terem todas as suas tentativas de aproximação rechaçadas pela irmã da Grã-Senhora da Corte Noturna. Então Nestha sofre uma intervenção do Círculo Íntimo, e é forçada a abandonar seus vícios para viver e treinar e trabalhar na Casa do Vento, junto com Cassian.

Nestha luta com tudo o que ela roubou do Caldeirão e mais, mas nem sempre vai conseguir as coisas do jeito que quer. No meio de sua batalha contra todos que desejam controlá-la (incluindo seus próprios medos), o desejo por Cassian vai forçá-la a reavaliar sua vontade de ficar sozinha para toda a eternidade.


Corte de chamas prateadas era, sem dúvida, um dos lançamentos mais esperados do ano. E esse livro foi o mais polarizante da Sarah J. Maas até agora, sinceramente. para mim, foi um dos piores da autora, ficando junto com Lâmina da assassina e Torre do alvorecer.

A Galera Record fez o trabalho esperado com essa edição. Uma capa bonita e uma diagramação confortável para todos os usuários de óculos Brasil afora (ainda que eu ache que as margens estão muito estreitas). O livro é um calhamaço e pesa, mas o papel é de boa qualidade. Temos o típico problema de falta de revisor com o livro, que apresenta erros de digitação. Fora aquela nota de rodapé ridícula “justificando” uma tradução de “golden skin” do inglês para “pele dourada”. Já falei dela nos meus stories do Instagram, mas achei uma nota desnecessária. Só quem entende a existência dela é quem sabe de toda a briga que já houve com a editora por causa do whitewashing que eles fizeram em Cidade da Lua Crescente. E ainda assim, o livro não é complexo o suficiente para precisar de uma nota de tradução que justifique a escolha do termo traduzido literalmente. Melhorem, editora. Apesar de essa capa ser muito superior àquela coisa cinza grotesca dos gringos, fiquei muito confusa com o pégaso. Achei que ele teria alguma importância na história, mas o ser aparece literalmente duas vezes na história (uma com o Helion e outra como uma ilusão). Ainda vi gente comentando da Máscara, que também aparece pouco, mas acho que ficou um elemento legal.

Em Corte de chamas prateadas, SJM mostra seu melhor e seu pior. Eu gosto muito da escrita da autora, mas achei o livro inteiro lento, com vários problemas de ritmo. As primeiras 150 páginas foram um sofrimento para engrenar. Ela cometeu vários erros e acertos no livro, mas uma coisa que não muda são as ótimas cenas de sexo.

Vamos começar com nossa personagem polarizante: Nestha. Eu odiava a Nestha na primeira trilogia e, apesar de ter lido ACOSF, continuo não gostando dela. Ela é egoísta, muito mais grosseira do que o necessário, e tem um talento especial para fazer todos ao seu redor (incluindo os leitores) miseráveis. No livro, ela cresce muito e vemos, de fato, uma melhora na personagem. Mas ignorar todo o mau que ela causou anteriormente e colocá-la num pedestal? Não. Sou um ser humano rancoroso até mesmo com personagens, e sei que não sou a única que pensa assim. Depois de ACOSF, eu entendo melhor pelo que ela passou, mas não justifica todas as ações de merda dela. Os outros personagens são ótimos e acho que estão todos certos em darem umas patadas na Nestha, porque ninguém é obrigado. Mas fiquei muito triste em ver Rhysand se tornar um chato, completamente descaracterizado. A grosseria dele chega a ser gratuita, e ele fica quase igual à Nestha. Sobrevivi me lembrando do quanto gostei dele nos outros livros.

A trama de Corte de chamas prateadas foi algo que me decepcionou. Temos três histórias principais: a jornada da Nestha com a saúde mental dela, o romance com o Cassian, e o desenrolar dos eventos depois da Guerra com Hybern. A jornada de saúde mental da Nestha é a melhor, porque (como descobri nos agradecimentos da autora), SJM projeta sua própria jornada na personagem. Com a experiência de primeira mão, a trama fica bem interessante. SJM também colocou algo aqui que ela já provou que sabe fazer: amizade feminina. Foi o ponto alto do livro. O romance com o Cassian foi meio xexelento. Temos muita atração sexual, mas meio que só isso. O ponto de vista dele da história é mais interessante, mas não vejo nenhum amor de fato da parte dela. Parece que ela só aceita ficar com ele por causa do Laço de Parceria. E a parte da trama que faz do livro uma fantasia foi uma desgraça. Feita de qualquer jeito, apressada, e puramente desinteressante. Essa “nova guerra no horizonte” é mal justificada, tem uma vilã MUITO fraca, e me fez sofrer em todos os capítulos sobre a Máscara, a Harpa, e a Coroa. Se o livro inteiro tivesse sido sobre isso, minha nota para Corte de chamas prateadas não teria chegado nem a 3 estrelas. O resto até que salvou, ainda que a Nestha continue sendo uma personagem insuportável.

Infelizmente, Corte de chamas prateadas é necessário para a continuidade do universo de Corte e você não pode simplesmente ignorá-lo. A primeira edição vem com dois contos: um da Feyre, que é algo simples e puramente horroroso de tão mal escrito (não deixem SJM escrever em primeira pessoa nunca mais), e tão desnecessário que sofri MUITO lendo ele. O segundo é um conto do Azriel que me dá forças para continuar vivendo e me deu altas expectativas para o livro dele, que sai em 2023. E não, a autora não está enganando ninguém. Cada vez mais ela coloca elementos em seus livros que tornam possível um crossover entre os personagens de Trono, Corte, e CC.

Se você gostou de Corte de chamas prateadas, de Sarah J. Maas, você vai gostar de:

Corte de espinhos e rosas – Sarah J. Maas;

Corte de gelo e estrelas – Sarah J. Maas;

Trono de vidro – Sarah J. Maas.

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