Apenas um garoto – Bill Konigsberg ?>

Apenas um garoto – Bill Konigsberg

Rafe sempre foi o “garoto gay” de sua cidade. Ao sair do armário aos 13 anos, foi abraçado por sua família e comunidade, mas virou o porta-voz da causa inteira. Toda a pressão e a constante atenção são demais para o garoto, que decide mudar de escola.

Ele faz isso em grande estilo, e entra em um internato só para garotos em outro estado. Rafe quer começar do zero, sem família, sem amigos, sem sua sexualidade no caminho. O detalhe: ele não pretende contar para ninguém que é gay. Não porque ele quer voltar para dentro do armário, mas porque não quer ser definido como “o menino gay”. Quer ser apenas Rafe.

Na escola, ele pode fazer coisas que nunca ousou de fato. Ser um atleta, por exemplo, participar de competições com eles, e até entrar no vestiário masculino. O plano funciona, até que Rafe percebe que está se apaixonando por um de seus colegas de time. E as mentiras começam a se acumular.


Apenas um garoto é um daqueles livros cuja premissa é super atraente, mas que a execução deixa a desejar. Eu consegui ele em uma troca de fim de ano que participei, e entendo porque alguém não quereria ficar com o livro depois de terminá-lo.

Eu tenho poucos livros da Arqueiro, mas acho que essa edição ficou muito bem feita. A capa é atraente e o papel está ótimo, para um livro de segunda mão.

A escrita do Bill Konigsberg é bem tranquila de ler, ainda que Apenas um garoto tenha um monte de referências a esportes (das quais não entendi nenhuma). Ainda assim, sinto que os diálogos ficaram um pouco esquisitos. A sensação que tive foi que ninguém falava daquele jeito. Problema da escrita ou da tradução, difícil dizer.

Os personagens são o que realmente decepciona nesse livro. Eu sei que o livro é mais humorístico, mas os pais do Rafe não têm noção nenhuma do que “limites” significa, e parece que eles fazem todo o estardalhaço com o fato do filho ser gay para que o resto do mundo os veja como ótimos pais. O Rafe, então, faz um monte de bobagem e tem mudanças de humor súbitas ao longo do livro, que o tornam desnecessariamente grosseiro. Ele é um babaca sem motivo nenhum com o colega de quarto dele, tudo porque ele quer se enturmar com os atletas. E, se você espera qualquer evolução de qualquer um dos personagens, vai sonhando.

A história do livro foi o que me atraiu a ele. Gosto desses romances com uma premissa diferente, e achei que ia encontrar um favorito em Apenas um garoto. Infelizmente, não foi o caso. Não há progressão nenhuma na história. Rafe se mete em uma baita confusão, faz metade das pessoas que estão na vida dele o odiarem em algum ponto, e não aprende nada no final. O clímax do relacionamento amoroso entre Rafe e o outro garoto (que me esqueci o nome, mas é um dos personagens mais sensatos nessa história toda) acontece no final do livro e não tem uma resolução, então fica tudo mal resolvido.

Se você gostou de Apenas um garoto, de Bill Konigsberg, então vai gostar de:

They both die at the end, de Adam Silvera;

Carry on, de Rainbow Rowell;

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