A forma da água – Guillermo del Toro & Daniel Kraus ?>

A forma da água – Guillermo del Toro & Daniel Kraus

A vida medíocre de Elisa não vai a lugar algum há anos. Um vizinho solitário como ela e uma amiga no trabalho de servente em uma empresa são as únicas duas pessoas que ela tem. Acordar, cozinhar ovos, escolher um sapato e ir para o trabalho; esfregar, limpar, varrer, passar pano, bater o ponto e dormir o dia inteiro, apenas para acordar para o turno da madrugada e recomeçar tudo.

Richard Strickland gostaria de voltar à sua vida normal. Voltar para a esposa e os dois filhos. A impossibilidade disso tem um nome: o deus Brânquia. Depois de meses em um barco na América do Sul, Strickland conseguiu caçar o maldito e levá-lo de volta para os Estados Unidos antes que os Soviéticos soubessem dele. Mas não, não acabou. Ele tem que supervisar a criatura enquanto seu chefe, general Hoyt, e os Estados Unidos decidem o que vão fazer. E ele não está nem um pouco feliz com isso.

É tudo culpa do deus Brânquia.

O fim da normalidade de uns;

A porta de entrada para a emoção de outros.


A forma da água foi uma grande polêmica na época do Oscar (por sinal, fiquei bem feliz que o filme ganhou). Vamos falar do livro agora, porque eu tenho muito a falar. Sempre dizemos que o livro é melhor que o filme, mas A forma da água prova o contrário.

A diagramação é boa, sem reclamações aí. A cor da capa é legal, mas teria gostado mais se tivesse só o deus Brânquia nela. No interior do livro tem alguns desenhos bonitos. Não sei se foi para ilustrar melhor o que estava acontecendo, mas se tornaram desnecessários. Já tinha visto o filme, então tinha tudo bem ilustrado na minha própria cabeça.

A escrita do del Toro é bem sem-graça. Não puxa o leitor nem descreve muito bem o que está acontecendo. Ainda bem que eu tinha visto o filme antes, senão estaria perdida. Del Toro, permaneça no cinema, lá é a sua área e você faz muito bem nela. Deixe a literatura para os que sabem o que estão fazendo e não estão ocupados com trocentos outros assuntos cinematográficos.

Richard Strickland é a personagem mais nojenta que vocês vão ter o desprazer de conhecer. Violência desnecessária e um caráter deplorável e muito mal-justificado. A sensação que tenho é que não há personagem principal nenhum, já que todos são tão fracos – incluindo a Elisa! Todos eles são meio abafados pela forma que o del Toro e o Kraus escrevem. A personagem com maior complexidade aparente é, por incrível que pareça, o próprio deus Brânquia. Algumas vezes, mais pro final do livro, há capítulos no ponto de vista dele, e são a melhor parte do livro. Eles são escritos de um jeito diferente, estilo fluxo de pensamento. Ou seja, sem letras maiúsculas, pontuação ou necessidade de um grande vocabulário ou gramática. Outra personagem que se destacou foi a Lainie, esposa do Strickland. A evolução da personagem dela é algo maravilhoso e pouco explorado no filme.

A história é boa. Sim, A forma da água se tornou um dos meus filmes preferidos. O livro foi algo para auxiliar a promoção do filme e para complementar a história, mas devo dizer que passou vergonha. Não rolou; a sensação que o livro passa é que estou vendo o filme de novo, apenas mal-feito. Algo que teria ficado diferente seria o livro na visão do deus Brânquia. Sim, ele mesmo! A personagem misteriosa desvendada em um livro escrito em estilo de fluxo de pensamento. Algo diferente, inovador. O livro deixou a desejar, e muito.

Desculpe, não tenho nenhuma recomendação de livros que você gostaria de ler

se gostou de A forma da água, mas estou trabalhando nisso!

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