A canção das águas – Sarah Tolcser ?>

A canção das águas – Sarah Tolcser

Aos 17 anos, Carô Oresteia espera ansiosamente pelo chamado do deus do rio, protetor da família de seu pai há gerações. Ela nunca se sentirá uma barqueira completa (ainda que seja apenas a imediata do pai) enquanto não tiver a bênção do deus e não falar com ele na língua das pequenas coisas. Mas ele está anos atrasado e talvez nunca apareça.

Ao se recusar a transportar uma carga misteriosa, o pai de Carô é preso, e a garota não vê outra alternativa a não ser levar a tal carga até Valonikos em troca da libertação do pai. A viagem é mais difícil do que ela esperava, capitaneando a Cormorant, fugindo de piratas que estão dispostos a queimar portos e matar pessoas pela carga que Carô carrega, e se envolver com um nobre almofadinha que definitivamente não pertence às terras dos rios.

No meio de intrigas políticas, romances e perseguições, Caroline Oresteia encontrará o seu destino e terá que decidir entre a vida que sempre quis e aquela que lhe foi escrita pelos deuses.


A canção das águas entrou no meu top 10 de 2019 ano passado, mas, depois de reler o primeiro livro para que eu lembrasse da história para ler o segundo, não sei se ele chegaria ao primeiro lugar como chegou.

Tenho que dar o devido crédito: a capa de A canção das águas é incrível. As cores são lindas, os mapas internos também são incríveis, e a diagramação é ótima.

A escrita da Sarah Tolcser é muito boa também. É tudo muito dinâmico, então li o livro super rápido. É admirável ela ter uma escrita tão envolvente no primeiro livro publicado.

Na questão da história, tenho que admitir que a premissa de A canção das águas é melhor do que nos é entregue. Eu esperava algo muito mais focado na relação da Carô com o rio, com as cidades dali de perto e tudo o mais. Para quem não sabe, eu sou uma grande fã de histórias de pirata (piratas de rio também servem), mas o que eu ganhei foi um romance apressado. Fora esse aspecto ridículo, o primeiro livro é bom. O segundo, por outro lado, foi uma tristeza. Acho muito legal a ideia da duologia, porque é um meio termo interessante entre um livro único e uma trilogia. Ainda assim, a história do segundo livro é fraca e sem graça, e eu poderia muito bem ter ficado com o final aberto do primeiro livro como fim definitivo da história e ter ficado em paz.

Caroline Oresteia é a personagem feminina mais injustiçada por uma continuação que eu conheço (o primeiro lugar do masculino vai, obviamente, para o Thor). No primeiro livro somos apresentados a uma garota forte, independente e segura de si, pronta para capitanear qualquer barco que ela botar as mãos, que nunca ficaria presa à terra por motivo nenhum. No segundo livro, a personagem se torna insegura e passa o tempo todo ocupada demais lambendo o sapato do macho dela (por sinal, que homem insuportável) para se preocupar com o pai dela, de quem ela está separada (por motivos não terríveis como os do primeiro livro, puramente tomaram caminhos diferentes na vida). O segundo livro foi um grande esquema de descaracterização de personagem, tanto que minha personagem preferida se tornou a Docia Argyrus, que é uma secundária. O desenvolvimento do personagem do Markos foi super forçado e súbito, e ele continuou sendo insuportável (pior no segundo livro). O romance, então, foi uma decepção só. Super forçado, transformou uma personagem feminina forte em uma ridícula e, novamente, fez um personagem que poderia mudar o próprio mundo para melhor largar tudo por amor. O romance dos pais da Carô é 1000 vezes melhor, e eu torcia para que algo do tipo acontecesse.

A canção das águas foi incrível na minha experiência, uma decepção na minha segunda. Enquanto a duologia não nos entrega o que promete, continuo a procura de boas histórias de piratas, sejam eles de água salgada ou doce.

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A rebelde do deserto – Alwyn Hamilton.

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