
A Beleza é uma Ferida – Eka Kurniawan
Dewi Ayu é a melhor prostituta de Halimunda. Para ela e para muitas outras mulheres, a beleza é uma ferida. Todos os homens já dormiram com ela e sua beleza e gala impressionam a todos com quem ela cruza. Dewi Ayu não foi sempre uma prostituta. Apesar de ter esse nome, ela não é nativa. E, apesar de não demonstrar, ela já passou por muita coisa. Ela teve quatro filhas. E morreu.
Alamanda, a primogênita, famosa por colocar os homens de joelhos com seu corpo holandês mas olhos de japonesa, verá que até mesmo as amendoeiras mais fortes podem ser transformadas em lenha.
Adinda irá não só se vingar da irmã por ter partido um coração, como também perceberá que um simples boné pode destruir vidas.
Maya Dewi presenciará a força da gentileza, que pode dobrar e manipular até mesmo os mais perigosos homens. Mas não pode impedir que tragédias acontecem.
E Beleza, a garota mais feia de todo o mundo e a filha caçula, não acreditará que um dia alguém como ela poderá conhecer um príncipe. Só que um homem provará que isso está muito, muito errado.
Na sua morte, Dewi Ayu se pergunta o porquê da desgraça que ela e suas filhas sofrem. Mal sabe ela que fantasmas do passado nos seguem para onde quer que formos.
MEU. JESUS. CRISTO. AMADO. A Beleza é uma Ferida é o livro mais sensacional que eu já li esse ano. Ele foi o segundo livro da minha linda parceria com a Catálogo Literário que eu recebi mês passado, junto com Bartleby, o escrivão.
Já vou começar falando que tem muitas cenas de sexo. E de estupro. Afinal, é a história de uma prostituta no século XX. Ah, também tem alguns palavrões. Eu gosto muito desse tipo de livro porque quebra aquele estereótipo de que “livro tem que ser politicamente correto”.
Não recomendo A Beleza é uma Ferida pra quem for sensível. Cães morrem. Casais se separam. Estupros acontecem.
As minhas personagens preferidas são a Dewi Ayu e a Alamanda. A Dewi Ayu é grossa pra caramba e a Alamanda sai partindo corações por aí (e a vida dela é a mais interessante). A história não acompanha só a história da prostituta e das filhas, mas também dos maridos e dos filhos delas. Eu indico fazer uma árvore genealógica com duas setas adicionais: a seta de “quem está apaixonado por quem” e a de “quem transou/quer transar com quem”. A leitura fica muito mais fácil, eu acho. Não que eu tenha feito isso.
O autor mistura história, folclore e a habitual tragédia numa narrativa super gostosa de ler (na verdade, a parte histórica é meio sem graça pra mim, principalmente a parte sobre o comunismo e a guerra civil. A Segunda Guerra Mundial e a ocupação holandesa são legais). Os nomes são meio chatinhos de lembrar, afinal o livro é indonésio, mas todos aprendemos a lidar com isso.
A capa é sensacional. Tá vendo os grampos que seguram a pele junta? Eles têm um relevo. Parece grampo de verdade.
Uma coisa que eu aprendi com esse livro e que vou levar para a minha vida toda segue abaixo:
1 Comentário
“Não nasci pra ser barbie” <3. É tudo o que eu tenho a dizer: <3.
Já coloquei na lista de "meu-deus-preciso-já" xD
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